Existem três tipos de revisão de projeto: As que eram impossíveis de prever, as que ocorrem por culpa do cliente e as que ocorrem por nossa culpa.

Ter que revisar um projeto é algo bastante incômodo na nossa profissão de calculista e projetista de estruturas metálicas É uma das coisas que mais me perturbam, pois as revisões aparecem sempre como assuntos urgentes que precisam ser resolvidos da noite para o dia, e que atrasam seu cronograma com os outros compromissos assumidos. Infelizmente tenho que te dizer uma dura verdade: as revisões nunca vão parar de existir, não tem jeito nem remédio… podemos reduzir, mas eliminar ainda não.


Existem revisões que são imprevisíveis, e ocorrem principalmente em projetos que envolvem reforma. Durante a obra acontecem coisas imprevistos, como remover o forro e encontrar aquela tubulação feita na década de 70 passando justamente no local onde você queria colocar uma viga. Essas revisões não têm jeito, vão existir inevitavelmente, e temos que atender o cliente (aqui fica uma dica, não trate projetos de reforma da mesma forma que projetos totalmente novos, sempre considere a possibilidade de voltar ao projeto para fazer novas revisões, pois reformas são verdadeiros vespeiros de gambiarras estranhas feitas no passado.)


Outro tipo de revisão são aquelas mudanças que vêm por parte do cliente ou do arquiteto. Um novo conceito para a obra, ou decidem mudar os fechamentos de placas cimentícias para ACM de última hora, querem usar uma alvenaria de blocos ecológicos (3X mais pesada) para compor o caráter sustentável ,etc… Infelizmente tenho que lhe dizer que essas revisões também vão existir, mas é mais fácil justificar a cobrança de um adicional, até para forçar o cliente a tomar todas as decisões estéticas e funcionais antes de solicitar a revisão.  Mesmo que a revisão seja simples, eu costumo dizer em tom de brincadeira: “Essa vai ser de graça, mas a próxima eu vou cobrar hein!”. Isso deve estar bem claro, senão vira a festa da uva. E se não for uma revisão tão simples, é cobrado o valor justo.
Esses dois tipos de revisão não estão totalmente sob nosso controle, então não há muito o que fazer… mas um terceiro tipo de revisão depende totalmente de nós, e é nossa responsabilidade checar, e eu quero compartilhar com você uma espécie de checklist para alguns projetos mais comuns que eu desenvolvi com a experiência, e com certeza pode te ajudar no começo.


Lembrando que quando recebemos um bom projeto arquitetônico, muitos desses itens já estarão automaticamente respondidos, mas nem sempre isso acontece.
Não pretendo esgotar aqui a lista de perguntas, mas as essenciais que me vêm à mente nesse momento e que já devem evitar muitos retrabalhos pra você.

  • A estrutura será para qual finalidade? ( Academia, Restaurante, etc…para determinar a sobrecarga, de acordo com a NBR6120)
  • Qual será o tipo de piso/ Telha/ fechamentos desejados? (Painel Wall, Chapa Xadrez, Chapa Expandida, Laje, telha metálica, fibrocimento etc.)
  • Estrutura deve ser soldada ou parafusada? (Se o fabricante tiver maquinário e galpão de fabricação adequado, prefira as estruturas parafusadas, caso contrário, soldado é mais vantajoso.)
  • Há altura mínima de viga/treliça? Qual o pé direito que deve sobrar entre o piso e a face inferior da viga mais alta?
  • Vai haver tubulações? onde passam? qual diâmetro?
  • Vai haver contrapiso sobre alguma viga metálica (isso é muito importante, cada cm de contrapiso carrega a estrutura em 21kg/m²)
  • Vai haver paredes? Onde e qual altura delas? Qual material? (isso evita que você calcule para blocos cerâmicos vazados e ele coloque tijolos maciços)
  • Vai ter forro? Qual tipo?
  • Vai algum equipamento pendurado na estrutura? qual o peso? tem vibração?
  • Vai haver portas/janelas móveis? Onde? qual a área de abertura? Podemos colocar aberturas fixas para evitar a abertura dominante e os efeitos do vento nessas condições?
  • Será apoiado sobre estacas, Radier ou panos de lajes?
  • qual o comprimento máximo de peças que chegam  ao local (existem locais, principalmente em industrias em que há elevadores internos e corredores que limitam o acesso a peças muito longas, isso deve ser considerado.
  • As peças terão que ser transportadas por caminhão? se sim, lembre-se que os decks de carreta têm em média 12m X 2,50m (alguns maiores outros menores)… então faça seu projeto caber nessas dimensões.

Com certeza existem outras coisas que devem ser consideradas que não me vêm à mente no momento mas na medida em que eu for lembrando eu lanço novas dicas por aqui.

Por Eng. Felipe Jacob .

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