Copa do Catar: como o calor extremo atinge as estruturas dos estádios?

Um dos eventos esportivos mais aguardados do planeta chegou! A Copa do Mundo está acontecendo no Catar, no Oriente Médio e desde antes da bola rolar entre as seleções muito se comentou sobre os estádios que receberiam as disputas. Um país tão pequeno e que, até então, possuía apenas um estádio de futebol comportaria a grandiosidade de uma Copa?

Apesar das controvérsias sobre os direitos dos trabalhadores que ergueram as construções, o país conseguiu disponibilizar 8 arenas de grande capacidade para receber o público. Também tiveram a “sacada” de projetar os estádios de modo que pudessem ser utilizados para outros fins após o evento, evitando os chamados “elefantes brancos”.

Outro fato que chama a atenção neste mundial é a data da sua realização. Em 2022 a Copa do mundo acontece no final do ano, pois é inverno no Catar, o que facilita os jogos, uma vez que as temperaturas do país podem passar dos 50ºC no verão.

Desde o início esta Copa do Mundo foi planejada para que alguns problemas fossem evitados. Como por exemplo, o excesso de calor que prejudica os jogadores e também o impacto urbanístico que um estádio causa às cidades.

Contudo, fica o questionamento: como estas grandiosas estruturas irão se comportar com o passar dos anos, uma vez que continuarão sendo utilizadas e estarão sujeitas a grandes temperaturas?

Como as altas temperaturas agem sobre as estruturas de um estádio?

Os materiais que compõem as principais estruturas de qualquer estádio de futebol são o aço e o concreto. O concreto é utilizado principalmente nas estruturas que dão embasamento às obras, como fundações, pilares de sustentação e suporte de arquibancadas. Já o aço é utilizado nos grandes vãos das coberturas e para dar forma aos elementos de fachada, que normalmente possuem arquitetura arrojada.

Estes materiais de construção também sofrem com as altas temperaturas e com a grande variação térmica dos climas desérticos. A dilatação térmica é o fenômeno que causa a deformação dos materiais, causando o alongamento e encurtamento das peças que compõem a estrutura dos estádios dependendo da variação de temperatura ambiente.

Além da variação da temperatura, a dilatação térmica depende do tamanho da peça estrutural e de um coeficiente de dilatação característico de cada material. Assim, quanto maior for a estrutura, maior será a sua deformação. Pensando em um estádio de futebol com capacidade para mais de 40 mil pessoas, onde cada peça estrutural pode passar dos 10m de comprimento, um gradiente térmico de aproximadamente 30ºC pode causar deformações de centímetros nas estruturas.

A dilatação térmica pode causar problemas nas estruturas dos estádios?

A resposta é SIM! Os estádios, como qualquer outra estrutura de grande porte, estão sujeitos ao aparecimento de manifestações patológicas causadas pelos gradientes térmicos. O concreto, por exemplo, ao se deformar excessivamente pode apresentar fissuras e fragilizar a estrutura. Já as peças de aço podem apresentar afrouxamento nas emendas e ligações com parafusos, bem como descascamento das pinturas de proteção, facilitando o surgimento de corrosões.

Os efeitos causados pelo fenômeno da dilatação térmica são previsíveis e, com certeza, foram lembrados pelos projetistas dos estádios. Juntas de dilatação em estruturas de concreto e dispositivos dissipadores de tensões de estruturas metálicas são adicionados à estas grandes obras para evitar o aparecimento das patologias.

Entretanto, estes dispositivos inseridos nas construções para impedir o surgimento das patologias são elementos frágeis que demandam muitos cuidados. Assim, como os estádios foram pensados para servirem outros fins após o Mundial do Catar, as juntas de dilatação e os dispositivos dissipadores de tensões terão que passar por manutenções periódicas, já que as condições climáticas do país continuarão sendo extremas.

Fonte: Blog da Engenharia

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